quinta-feira, 1 de maio de 2014

Continuação da historia

Capítulo 3

Aquela foi a última vez que vi o meu pai. Momentos após à discussão chamaram uma ambulância que lhe levou. Um ataque cardíaco levou a pessoa que eu mais amava. Eu era a sua princesinha e ele o meu rei.
Graças à sua morte descobri que ele, desde pequeno, sempre teve problemas de saúde. Talvez foi mais um motivo que a minha mãe teve ao escolher o seu marido.
Quando era novo, as febres eram algo habituais e desde algum tempo os médicos já vinham a desconfiar de que ele estivesse a desenvolver algum tipo de cancro. Só não percebo porque é que não me puderam contar mais cedo. Eu sei que não tinha o poder de lhe curar, mas sou a sua filha, e isso deve contar para algo.
O funeral ocorreu dois dias após à sua morte. A igreja estava cheia. Fiquei maravilhada com a quantidade de gente que gostava do meu pai. Notava-se pelas suas caras que não foram obrigados, estavam realmente tristes. As minhas amigas também foram e ficaram sempre ao meu lado. Fiquei tão contente por puder contar com elas numa situação como esta, só provaram que a nossa amizade é verdadeira. A minha mãe é que fez uma triste figura e negou-se a levar o caixão, mas foi sempre atrás dele com altos choramingos, sempre agarrada à tia Guilhermina. Já estava a prever. O transporte do caixão coube a mim e a uns amigos do meu pai, quer do emprego, quer de infância.
 Já passaram dois anos desde a morte do meu pai e continuo a sentir muito a sua falta. Já não sou a mesmo miúda, mas ainda há momentos em que mal consigo estar no mesmo lugar que a minha mãe, mas foi ela que ficou com a minha posse e mesmo agora com dezoito anos completados tenho pena de a deixar sozinha. Ok, lá no fundo gosto dela, pois querendo ou não foi ela que me deu à luz e é impossível de fingir que não é verdade, visto que sou a sua cara chapada.
Mas às vezes é difícil. Após a morte do meu pai, ela mudou completamente o seu comportamento. Tornou-se naquilo que apenas eu desconfiava que fosse o seu verdadeiro eu. As pessoas achavam, que esta mudança fosse apenas graças à morte do marido. Mas não podia concordar.

Desfez-se das roupas do meu pai, escondeu as suas fotos. Aliás, a únicas fotos que ficou em que ele aparece estão no meu quarto. Uma foi tirada numa viagem que fizemos em família, onde fomos visitar a Inglaterra, à quatro anos atrás, em que aparecemos os três no London Eye. Outra foi tirada no dia em que nasci, onde apareço ao seu colo. A terceira e última foi tirada dias antes da sua morte e é a mais recente de todas as fotos em que ele entra.


(continua...)


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Bom feriado para todos :)

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